Este livro percorre a discussão mais profícua dentro da teoria contemporânea sobre democracia. O seu objetivo é, antes de mais nada, mostrar que tanto a discussão teórica quanto a experiência cotidiana da denominada democracia participativa – muitas vezes concebida como a panaceia contra todos os males – se funda em argumentos perigosos que naturalizam características de escalas políticas e buscam tornar legítimas novas instituições supostamente participativas.

Partindo de preocupações importantes sobre o atual estado da democracia representativa, sua fragilidade e diminuição paulatina da confiança dos cidadãos em seu funcionamento, a linha teórica da denominada democracia participativa buscou construir instituições que tornariam o sistema mais virtuoso. Ao lidar durante cinco anos com aquela considerada a mais exemplar desse modelo, O Sofisma da Democracia Participativa utiliza de debate da Geografia sobre escala política e espaço político para demonstrar como os Conselhos Municipais da segunda maior cidade do país não fortalecem a democracia, já que tecnificam a política, obscurecendo-a e afastando, ainda mais, o cidadão das decisões públicas.

O Sofisma da Democracia Participativa navega contra a maré. Apesar de concordar que a democracia precisa ser constantemente revista para atender às mudanças sociais, o livro revela que o debate sobre o novo modelo supostamente mais participativo é uma ilusão.