Esse livro é pra gente da gente
Que vive a pegar no batente
Com sol ou com chuva ou doente
Sabe que tem que trabalhar
Esse povo merece uma medalha
Porque nunca foge da batalha
Essa gente da gente não dá falha
Porque não tem fã de canalha...
A paráfrase do pagode da década de 90, que me inspira a tentar inspirar os leitores desse livro brilhante, chega no sentido mesmo de alguém perguntar: por que razão alguém começaria uma orelha de livro com um pagode, ou melhor, um pagodinho, daqueles que costumeiramente só se aceita ouvir em churrasco, ou que as classes medianas com suas consciências felizes e tranquilas se permitem ouvir e cantar em casa, quando estão sozinhos?
Acho que a pergunta já se responde, na medida em que é isso que precisa ser posto em evidência, o quanto esconde essa pretensa boa consciência pseudo-intelectualizada que rebaixa à diversão, festiva ou envergonhada, aquilo que são as produções culturais e conceituais, complexas e riquíssimas, das periferias, das favelas, das ruas.
Mas o bom é que esse livro não se dirige à medianidade dessa classe elitizada de suas globos, folhas e vejas. Ou mesmo de seus livrinhos caros, comprados em belas livrarias antes de suas cirandas nos largos da vida.
Esse livro vem da periferia e vai para a periferia, num movimento de margem a margem, num giro, ou numa gira, que passeia por lugares, corpos e saberes que as universidades ainda não conseguiram compreender a importância, e permanecem na negação, na indiferença ou na mínima conceção possível.
Essa gente já sofre demais
São tratados como animais
E só querem um pouquinho de paz
E precisam ouvir Racionais
Diria o “pagodinho”. E, só no sapatinho, essa gente aqui, que se anuncia nos versos de Gonzaguinha que Patricia dos Santos e Marcelo Moraes invocam pra fazer valer o amor e viver a liberdade.
Essa gente que é gente, que vive, que baila, que rala e que pensa, nos bailes, nas igrejas, nas macumbas, nas universidades e que, com Manos Browns, Emicidas, Catras, Zecas, Jorges, Lecis, Conceições, Lélias e Beatrizes, oferecem, para nós, suas escrevivências que são, antes de tudo, lugares de escuta.
Um livro que faz, em nossos ouvidos, a máxima de Caetano que diz que gente é pra brilhar, não pra morrer de fome.
Rafael Haddock Lobo
Editora: Ape'Ku Editora
ISBN: 978-65-80154-47-0
Ano de edição: 2022
Distribuidora: Ape'Ku Editora
Número de páginas: 228
Formato do livro: 16 x 23 cm
Número da edição: 1
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