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É então que uma jovem filósofa, poeta e educadora, toma a palavra para descrever, com os rigores da escrita acadêmico-filosófica e o brilho de uma voz poética, um encontro real com uma situação humana que des-neutraliza o discurso sobre o ser: há mulheres que estão numa prisão, cujo modo de ser não é apenas um modo a mais atraindo a atenção do olhar fenomenológico, mas se apresenta como um ensinamento decisivo para se compreender o real significado do que se propõe e se desenvolve no campo da filosofia. Na visita e no acompanhamento da vida nos presídios, a autora deste livro descobre, na mulher-detenta, o modo de ser que nos abre a uma nova concepção de pedagogia, de formação humana, de preocupação com o futuro de pessoas reais com problemas reais, numa palavra, o ensinamento que se torna uma espécie de “concretização” de categorias filosóficas fundamentais. O modo de ser da mulher-detenta, afirma a jovem escritora, nos devolve de modo vivo e vital ao sentido do estar-aí. A mulher-detenta “coloca a nu o ser-aí, suas nervuras”, mesmo que, empiricamente e factualmente, ela esteja aprisionada ou impedida de se manifestar como liberdade no mundo.
A mulher-detenta está privada de liberdade, está impedida de se apropriar de si sob a forma de escolhas que só se fazem no mundo “lá fora”. Curiosamente, é esta mesma condição de “impropriedade”, de ter se tornado uma espécie de “objeto” num recinto de total ausência de liberdade, que traz em seu núcleo a condição de novas significações, de novos sentidos, de acerto de contas com aquilo que ficara irrealizado ao longo de toda uma existência. O olhar filosófico de uma jovem poeta pode, assim, encontrar na mulher, nesta outra mulher aqui e agora, em seu modo de ser, em sua experiência de sofrimento e de clausura, em sua reclusão, uma pedagogia do “ser-no-mundo”. Para dizer filosoficamente: o “diferente” que fora considerado como origem de todos os males pelo discurso mítico, torna-se, de fato e de direito, o ponto de partida de uma pedagogia da singularização e da singularidade. Pedagogia que é, também, um elogio ao pluralismo.
Marcelo Fabri
Editora: Ape'Ku Editora
ISBN: 978-65-86657-36-4
Ano de edição: 2020
Distribuidora: Ape'Ku Editora
Número de páginas: 220
Formato do livro: 16 x 23 cm
Número da edição: 1